"Devo" ou "Não devo"



Já vos falei em outras entradas das 4 Capuchinhas que somos e de como elas são diferentes entre si, e de como elas se complementam e dão forma a mulher que somos. 4 em 1.  

Pois é, as 4 Capuchinhas têm privilégios diferentes na nossa sociedade/cultura. É inevitável. Socialmente há fases que estão mais aceites e inclusive promovidas do que outras, por isso nos sentimos mais confortáveis nas fases Pré-ovulatória e Ovulatória (a metade luminosa do ciclo) e desejamos ficar nelas sempre. Pois, geralmente, achamos que estar loquazes, energéticas, faladoras, sociais, bonitas e brilhantes é o nosso estado natural mas é mentira…. Quando tentamos reprimir as outras Capuchinhas (fases do ciclo) que também somos, só conseguimos frustração e mau humor.

Não é mau reconhecermos que nos é mais fácil estar nas fases “luminosas” mas a chave aqui é permitir-nos espaço e tempo para nos conhecermos, com mimo e curiosidade, nas fases menos familiares, menos luminosas. Talvez para algumas de vocês a Capuchinha da fase Pré-menstrual seja a que mais dificuldades coloque, principalmente para as que sois doces, atentas, mimosas e dispostas enquanto para outras a fase Ovulatória é a mais difícil, principalmente se somos mais solitárias, intelectuais e independentes. Cada uma de nós tem uma face solar (a que mais dominamos e que gostamos mais) e a face lunar (que gostamos menos e desconhecemos mais). Aqui o desafio é investigar este lado oculto para não sobrecarregar o lado que já conhecemos e aprender as outras potencialidades que temos e ignoramos, no livro “Por Trás da Capa Vermelha” falo mais detalhadamente das potencialidades das 4 Capuchinhas que Somos.

Tenho-me apercebido que este sentir-nos mais confortáveis na pele de umas Capuchinhas mais do que de outras também influencia a forma como cada Capuchinha se relaciona com a comida, ou seja como nós nos relacionamos com a comida em cada fase do Ciclo Menstrual. Passo a explicar a minha investigação/reflexão.

Quantas vezes já comeram algo pouco saudável (mas delicioso) porque disseram a vocês mesmas, “tu mereces” ou simplesmente para “mimar-te a ti mesma”? Pois é… temos o (péssimo[i]) hábito de usar a comida como prémio ou castigo.

Lembram-se quando foi a primeira vez que o fizeram? Ou, mais certeiramente, a primeira vez que “vos fizeram” isto? A primeira vez que a comida foi utilizada como prémio por terem feito algo bem ou como estimulo (leia-se suborno) para que cedêssemos a portar-nos bem numa determinada situação?

Não vou questionar este método de manipulação do comportamento e este post não se trata de culpar a algo ou a alguém pela nossa maneira de ser, mas sim, de investigar por que motivo fazemos as coisas.

Continuo com o meu questionamento.

O que é que acontece quando ocorre o contrário? Alguma vez não vos deixaram comer certos alimentos? Alguma vez vos disseram que não podiam comer algo que vocês gostavam como castigo? Talvez já vos obrigaram alguma vez a ficar sentadas na mesa e a acabar a vossa comida porque se portaram mal ou porque “há meninxs que passam fome no mundo”?

Estou certa que já se lembraram de várias situações, principalmente entre os 4 e os 6/8 anos… mas vamos avançar no tempo até a nossa idade actual.

E agora? Utilizam alguma vez a comida como forma de castigo ou prémio na vossa vida? Por vezes não vos permitis certos alimentos quando “se portam mal” como a vossa dieta[ii]? “Obrigam-se a vocês mesmas” a comer certos alimentos porque pensam que são os alimentos que precisam?

Estes comportamentos têm raízes muito profundas e não é necessário sermos psiquiatras para perceber que as implicações de vincular a comida com o comportamento têm um impacto duradouro na nossa vida e no que sentimos por nós próprias.

Tenho-me apercebido que uso este mecanismo de prémio ou castigo com as 4 Capuchinhas, ou seja, comigo. E sei que o que expus nas primeiras linhas, de me sentir, de nos sentirmos mais confortável com umas Capuchinhas do que com outras é parte da base de esse comportamento. Comecei a observar-me, a investigar-me e apercebi-me que sou uma mulher com duas faces, uma luminosa e outra escura e que no decorrer do Ciclo Menstrual estas duas se desdobram em quatro.

Nas fases luminosas do Ciclo Menstrual (Capuchinha Indomável e Capuchinha Sedutora)[iii] temos tendência a sentir-nos mas felizes, o mundo parece diferente, em sentido positivo. Vemos as mesmas situações como oportunidades e as mesmas pessoas (e possivelmente até nós mesmas) como raparigas boas. É Assim que nos é apresentado o mundo na fase luminosa do Ciclo, vemos o mundo através das “lentes da felicidade”. O mundo que nos rodeia não mudou tanto e, mesmo assim, a nossa experiência em relação com esse mundo é radicalmente diferente.

Nas fases escuras do Ciclo menstrual (Capuchinha Feiticeira e Capuchinha Vermelha)[iv] temos tendência a sentirmos furiosas, o mundo pode parecer-nos um lugar tremendamente ameaçados e certos alimentos podem parecer-nos uma alternativa bastante reconfortante ou uma feliz distracção. Neste particular estado do corpomente tendemos a ver certas situações como obstáculos e outras pessoas (e inclusive a nós mesmas) como raparigas más. É assim como nos é apresentado o mundo quando o olhamos através das “lentas da raiva”.

Estas duas formas de ver o mundo, de dividi-lo, estes hábitos de pensamento sobre mundo e do espaço que as 4 fases do Ciclo Menstrual devem ocupar nele (umas muitos, umas pouco e outras nada) estão intimamente relacionadas com os valores e com as apetências que a nossa cultura valoriza ou desvaloriza nos seres humanos e concretamente nas mulheres. No nosso caso, como mulheres cíclicas que somos, este muito, pouco ou nada, levando-nos a aceitar melhor as fases luminosas (activas) que as fases escuras (contemplativas) do nosso Ciclo menstrual.

Por exemplo, eu tenho a tendência a ser mais permissiva com a Capuchinha Feiticeira deixando-a fazer “mais asneiras” alimentares do que as outras Capuchinhas, talvez a minha permissividade seja para ela não ter “ataques de raiva”.
Quando evito (mesmo sem me aperceber) que ela se expresse através da sua linguagem própria (essa que me permiti ter a percepção afiada, ser capaz de perceber com pulcritude, com tanto atino e paixão), quando não lhe permito sentir determinadas emoções (as tais que geram comportamentos que a nossa cultura tenta esconder) estou simplesmente a evitar que ela faça (que eu faça) a sua síntese emocional e que use os Super Poderes de Mulher. Quando não usamos os nossos poderes estes se transformem em Síndrome PMenstrual, por exemplo.

É verdade que muitas de nós usamos o chocolate, os pastéis e os hidratos de carbono como calmantes na fase pré-menstrual e podemos justificar isso devido ao aumento do gasto energético basal que ocorre nos dias prévios a menstruação porque sobe a temperatura basal pela progesterona e há mais apetite. Mas a verdade é que habitualmente fazemos coisas sem ser conscientes dos pensamentos que nos conduzem a esse comportamento.

Pode ser que comam um chocolate especialmente na fase pré-menstrual e menstrual para vos ajudar a calmar a ansiedade. E se for chocolate preto que possui antioxidantes e aumenta os níveis de serotonina o que nos ajudam a melhorar o ânimo ainda melhor. Não tem mal nenhum em querer sentir-nos bem (pelo contrario o prazer e o bem-estar são um bem maior) o problema é quando não estamos simplesmente a satisfazer uma necessidade do nosso corpomente (que podíamos faze-lo com outros alimentos como bananas, batatas, gérmen de trigo, agriões, nozes, couves de bruxelas… e não apenas com chocolate, todos tem em comum a B6 que é a que acalma o sistema nervoso) queremos evitar sentir certas emoções e sensações como a raiva, a vulnerabilidade, a sensação de preguiça, queremos evitar estar no nosso lado escuro e ver o mundo a cru, como ele realmente é. E é aqui onde as “asneiras” alimentares durante a fase pré-menstrual são uma armadilha. Eu devia comer e gostar de comer chocolate porque me faz sentir bem e não para evitar ser quem sou porque a cultura não gosta da minha Capuchinha Feiticeira.

Por isso escrever sobre o bem-estar menstrual através da nutrição inclui falar não só dos alimentos adequados para viver um ciclo saudável e sem moléstias maiores, mas também de como ser conscientes da influência dos próprios pensamentos e crenças é importante já que a forma como comemos, pensamos e agimos durante todo o ciclo influência como vivemos os dias prévios a menstruação e a menstruação.

Quando me apercebi do meu comportamento com a comida e de como ele era diferente em cada fase do Ciclo Menstrual apercebi-me também de como a tentação está em tentar romper os hábitos, resistir ao impulso de actuar dessa maneira ou convencermo-nos a nós mesmas de que devíamos comportar-nos assim ou assado (mas nunca como realmente somos em cada fase hormonal).

“Romper, Resistir, Convencer”. Ufff! Não tem bom ar este lema! Não parece uma boa receita para a paz mental, pois não?
4 mulheres a habitar o nosso corpomente, cada uma delas com os seus próprios “devo” ou “não devo” comer isto ou aquilo. Cada uma com os seus próprios desejos… Que confusão!!!!  Não se trata disso… conhecer as 4 Capuchinhas não passa por ai.  

Pensem nisto: o corpomente que diz “devo” é o mesmo que diz “não devo”. Só há um corpomente[v], não há dois. Por isso como pode esta situação terminar de forma pacífica?

Para além da simples loucura que é discutir com nós mesmas com esta atitude umas Capuchinhas tinham de ganhar e outras que perder. Isto significa que uma parte de nós deve ser rejeitada, ignorada ou suprimida enquanto a outra parte (capuchinhas) nos faz sentir bem e gostamos de a mostrar. Mas o que realmente acontece desta maneira é que nenhuma ganha e só conseguimos gestar uma intensa discussão interna sobre o que esta bem e o que esta mal.

Comer de forma consciente e entender que nos relacionamos com a comida de forma cíclica é uma técnica/ferramenta única.

Não se trata de falar com nós mesmas nem de ter um pensamento positivo nem de silenciar a vozinha interna que não nos larga. Ensina-nos a distanciar-nos do “devo” e do “não devo” na mesma medida, permitindo-nos ver com claridade a dinâmica que ocorre no nosso corpomente. E contemplar o nosso corpomente dessa maneira permite-nos ser testemunhas das sensações que experimentamos (em cada fase do Ciclo Menstrual) em vez de sermos reféns delas.

É como se tivéssemos a capacidade de responder desde uma posição de hábil intenção em vez de reagir desde a posição de confusão ou frustração. Volto a relembrar:

A verdade é que habitualmente fazemos coisas
sem ser conscientes dos pensamentos
que nos conduzem a esse comportamento.

Depois de perceber quais os comportamentos que estamos a punir ou a privilegiar (de cada uma das 4 Capuchinhas) podemos passar a etapa seguinte: investigar sobre as nossas necessidades nutricionais nas diferentes etapas do Ciclo Menstrual. Mas isto fica para outro post ou para o Atelier Mulheres, Comida e Cuidados.

Não te vás embora sem deixar o teu comentário e nos contar como se relacionam as tuas 4 Capuchinhas com a comida. 





[i] Ou não… que sei eu!
[ii] Quando menciono a palavra dieta não me refiro a dietas de emagrecimento e sim a nossa dieta alimentar. A forma como nos nutrimos.  
[iii] Fase pré-ovulatória e ovulatória
[iv] Fase pré-menstrual e menstrual
[v] É verdade, que habitam 4 mulheres em nós e que são diferentes entre si mas por muito diferente que sejam todas têm o mesmo objectivo. Sim, é verdade! Todas querem gozar e sentir-se bem consigo mesma. O nosso corpomente vai mudando para isso mesmo, para encontrar a forma de viver de forma favorável as 4 juntas. 

“O Refúgio Vermelho”/ Print

Junto com a Designer Cândida Campos sou mãe do projecto "O Refúgio Vermelho" que podes conhecer mais detalhadamente aqui. Dentro do projecto criamos lindas ilustrações que agora partilhamos convosco. Para que como nós decorem esse vosso cantinho especial e celebrem a vossa ciclicidade. 

“O Refúgio Vermelho”/ Print

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Ilustração "O Refúgio Vermelho" feita com mimo e amor pela Designer Gráfica/Ilustradora Cândida Campos.

Ilustração impressa em papel (A4/300gr) com textura suave e agradável.
Vai ficar super gira dependura na parede colocada numa linda moldura ou colada com um divertido washi tape ou então apoiada num mini-cavalete pousado no vosso cantinho especial. 

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Não deixem visitar o estúdio da Cândida Campos AQUI  :) vão amar o trabalho desta artista. 

"O Refúgio Vermelho", o novo projecto ciclico

“O Refúgio Vermelho” é um conto que conta (desculpem a redundância) a história da nossa Ciclicidade. Nas tuas mãos, vais ter as minhas palavras. Pedacinhos da minha ciclicidade com um único objectivodesejo: partilhar e germinar.  




Talvez já me conheças bem, ou só um bocadinho, ou simplesmente nada mas estou certa que como eu conheces essa sensação de querer transcender, chegar até mais pessoas para que “algo” aconteça. E esse “algo” que eu não posso fazer sozinha. Preciso de ti, de vocês. Vamos ser a mudança que queremos ver no mundo.

Esse “algo” é fruto da relação ente tu/vocês e eu. O que nasce em mim chega até a ti através das tuas pupilas passeiam pelo ecrã do computador (ou tlm, ou tablet). E é também por esse “algo” que me sinto abençoada e pelo qual te quero/vos quero agradecer, obrigada.

Obrigada por me fazeres/fazerem desejar gestar mais este projecto. Tive muitas ideias mas houve uma que desenhou um sorriso no meu rosto, foi pedir a Designer Gráfica/Ilustradora Cândida Campos[2] que colaborara comigo nesta aventura. Mais do que isso, pedi-lhe que fosse a co-Mãe (a outra mãe) deste bebé que agora é teu/vosso também. E assim consegui a chave fundamental para que um livro seja lindo-lindo: que tenha mikis[1].


“O Refúgio Vermelho” é mais do que um conto, é um projecto de Educação Menstrual para que as mulheres se acompanhem umas as outras nos rituais de passagem e na sua ciclicidade e é isso que te proponho com este novo projecto, acompanhar-te a viver o teu corpo com gozo e desinibição. A viver a tua menstruação de forma consciente e prazerosa. E a usares ferramentas para o conhecimento da tua própria ciclicidade através da auto-observação e autoconhecimento.

Mas falemos do conto “O Refúgio Vermelho”, não esperes um romance pomposo, nem um ensaio encorpado. Este livro é um pequeno conto que fala sobre algo grande: A Ciclicidade do Corpo Feminino.
Um conto com uma cadência cíclica em função das 4 Capuchinhas que habitam dentro de cada mulher cíclica, em função das emoções, pensamentos e vivências de cada uma das 4 mulheres que somos.
Um conto com palavras vivas, como a torrente do rio vermelho que nasce em nós.

Como podes/podem ver fizemos um trabalho criativo intenso e profundo mas a Cândida e Eu não queremos ficar pelas palavras e pelas imagens queríamos ir mais além e criar um tote bag para passeares a tua ciclicidade, uma lâmina decorativa para adornares o teu quarto próprio e uma sessão de contos medicinal para que possas/possam estar ainda mais perto das 4 Capuchinhas que habitam em ti/vocês.

Gostas/Gostam da ideias? Nós amamos.

Se concordares em não te conto mais nada e deixo-te com cada uma das coisas que criamos para ti/vocês.




[1] É assim que eu  gosto de chamar aos desenhos e ilustrações bonitas-bonitas :) 
[2] Podes visitar o estúdio da Cândida aqui
Brevemente
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Ilustrações para decorar o teu quarto próprio

Ebook "Por Trás da Capa Vermelha"

Sou cíclica e sinto orgulho de o ser e tu?


"Por Trás da Capa Vermelha" Não é um livro de auto-ajuda nem de enfadonha informação médica, é um livro que te convida a mergulhar nas profundezas do teu ser e ir ao encontro do teu corpo cíclico e da sua sabedoria escondida através dos contos.

"Por trás da Capa Vermelha" é livro de contos. Contos que falam sobre a menstruação, sem dramas nem tabus.

Contos para mães e filhas, ideais para explicar às meninas e jovens o que é e o que é que implica a menstruação. Mas também contos para mulheres adultas, perfeito para recordar o poderosas que somos as mulheres, para nos ajudar a reconciliar-nos com a menstruação, para cura-la.  

Este livro também é um convite ao diálogo entre mulheres, um ponto de encontro a partir do qual reflectir sobre o nosso corpo.

Para além dos contos também vais encontrar neste livro informação valiosa e ferramentas dinâmicas para viver-te e desfrutares de ti. Para conheceres e viveres a tua ciclicidade. Para redescobrires os poderes do ciclo menstrual. Para quebrares os tabus e os medos.

A menstruação é um presente maravilhoso, apesar de nos esquecermos disso e/ou nos pareça exactamente o contrário.

“Por Trás da Capa Vermelha” é um livro que te ajudará a encontrar uma nova perspectiva e voltar a olhar para a menstruação como uma bênção.

“Por Trás da Capa Vermelha é um presente, para ti ou para partilhar

Ebook 
10€ 

Para encomendares o teu envia um email com o teu pedido para jardineriahumana@gmail.com

Descrição do produto
Este Ebook é ligeiramente diferente do livro "Por Trás da Capa Vermelha" edição papel pois não inclui o diário-agenda. Podes conhecer a edição em papel aqui. 



As 4 Capuchinhas e a Criatividade

Quem são as 4 Capuchinhas?

As características de cada fase do Ciclo Menstrual (pré-ovulação, ovulação, pré-menstruação e menstruação) são mais perceptíveis se nos auxiliamos de imagens.

Inspirada pelo conto tradicional “O Capuchinho Vermelho e pelos arquétipos usados por Miranda Gray no livro “Lua Vermelha assim como pelo trabalho desenvolvido por Erika Irusta Rodríguez “Las 4 mujeres que soy” para descrever as diferentes fases do Ciclo Menstrual, escrevi o conto “O refúgio Vermelho”[i] e dei voz, corpo e espaço as 4 Capuchinhas que habitam dentro de mim (de nós) para assim aproximar-nos das diferentes fases pelos quais transitamos durante o Ciclo Menstrual.

As 4 Capuchinhas (a Indomável, a Sedutora, a Feiticeira e a Vermelha) servem-nos de guias para poder identificar as características que modelam cada fase do Ciclo Menstrual, contudo cada mulher tem a sua própria linguagem menstrual, ou seja, cada uma de nós vive o seu Ciclo de uma forma única.

As 4 Capuchinhas apresentam as tendências gerais do nosso corpomente (de nós), características que vão mudando ao longo dos estados hormonais do Ciclo Menstrual por isso as 4 Capuchinhas podem auxiliar as mulheres que desejem explorar cada uma das 4 mulheres (capuchinhas) que habitam dentro delas quando estiverem nas suas fases correspondentes. Hoje vou falar-vos de forma genérica as Características Criativas das 4 Capuchinhas.

Características da energia criativa da Capuchinha Indomável

  • A energia criativa irrompe, explode de muitas maneiras, precipita-se em novos sonhos e projectos.
  • A intuição manifesta-se activamente, manifesta-se em criações, acções e ideias.
  • Aumenta a inspiração, a concentração e a capacidade de análise.




Características criativas da Capuchinha Sedutora


  • A energia criativa é muito forte e expressa-se oniricamente com maior poder, os sonhos são muito vivos com imagens e temas recorrentes.
  • Sentimo-nos parte da natureza e do sagrado e direccionamos esse sentimento para os otrxs.




Características criativas da Capuchinha Feiticeira
  • Explosão da energia criativa e da intuição, deixando de lado o racional e o físico.
  • Se as energias criativas são reprimidas surge a frustração e o desassossego ou se expressão em formas de explosões físicas e emocionais.
  • Não é importante o produto final do acto criativo e sim a sua função libertadora.





Características criativas da Capuchinha Vermelha

  • Sentes desejos de contactar com a natureza, com a tua criatividade e com a tua intuição de uma forma aberta, não estruturada.
  • Reages a estímulos que depois exprimiras em ideias ou simplesmente ignoraras.
  • Nesta fase a energia criativa que é gerada na mente tanto pode gerar uma nova vida como novas ideias ou projectos.
  • As energias criativas que antes eram inspiradoras agora se transformam em visionárias.



Caso sintas vontade de aprofundar cada uma das Capuchinhas ao detalhe convido-te a deitares o olho ao livro “Por Trás da Capa Vermelha” ou se quiseres aprofundar ainda mais e de forma personalizada, ou seja, investigando e explorado o teu próprio corpomente lanço-te o desafio do Programa Individual de Educação Menstrual. 

Para empreenderes as tuas aventuras criativas e levares sempre à mão tudo o que precisas, as minhas 4 Capuchinhas criaram para ti um saco de pano (tote bag) ideal, o saco "Era Uma Vez...". Tens mais detalhes AQUI


Fiquei bem animada para explorar a criatividade das 4 Capuchinhas que habitam em mim, nascem em mim mil ideias e mais um pouco!
E tu? Tens alguma ideia, dica, palpite ou pitaco para me dar? Podes ir escrevendo ali nos comentários! Vamos conversar, pois quanto mais a gente troca palpites, mais a gente aprende! ♥
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[1] O conto esta publicado no livro “Por Trás da Capa Vernelha

As emoções da minha Ciclicidade: Sensação de Preguiça

A transição da fase ovulatória para a fase pré-menstrual é acompanhada pela sensação de Preguiça da minha Capuchinha Feiticeira



Reconheço-me como uma pessoa produtiva, eficiente e centrada. Por natureza tenho sempre um monte de energia e entusiasmo desenfreado (e positivo) pela vida. Mas estas características tiram sempre uns de dias de férias em cada Ciclo Menstrual, e quando vão de férias surpreendo-me a mim mesma pensando:

“Hoje não me apetece cozinhar”, “Amanhã lavo esta loiça”, “Mais logo termino o post para o blog”, “Esta tarde não me apetece falar com ninguém, vou tirar o som ao tlm”, “”São todos uns parvos”.

Todos estes pensamentos não fazem de mim uma má pessoa[i] nem uma pessoa preguiçosa. De facto, só mostram que sou uma pessoa normal. Dito isto, os momentos de preguiça ou indiferença face ao movimentado mundo, por si sós não são um problema e, ao fim de contas, são uma sensação totalmente normal do meu corpo cíclico. O que realmente é um problema é a forma de me relacionar (de nos relacionarmos) com esta sensação.

Porque se reagirmos como uma atitude automática do tipo: “não importa, não te preocupes” então as nossas escolhas face ao que sentimos (face a nossa vontade e desejos + íntimos/próprios) vai reflectir este sentimento de sermos preguiçosas. Mas se estas sensações têm uma relação com o nosso corpo, certamente que são importantes para nós, que nos preocupam e não nos conformamos com qualquer coisa ou contrariaríamos os nossos desejos agindo de forma automática.

E é neste ponto que eu deito mão do mindfulness[ii]. Tento reconhecer a sensação de preguiça ou indiferença em vez de me identificar intensamente com a sensação de que sou uma preguiçosa ou indiferente e então tenho a oportunidade de responder com uma sensação de calma aos meus desejos.
Assim percebo que essa sensação de preguiça é o meu corpo a responder as mudanças hormonais[iii] que nele operam neste momento do Ciclo Menstrual e que pedem para abrandar o ritmo, para abrir espaço, tempo e confiança ao meu corpo e aos seus desejos próprios. Este abrir espaço, tempo e confiança para o meu corpo “preguiçar” não é fácil numa sociedade como a nossa que sempre esta desperta, activa e produtiva aqui surge sempre um choque de desejos: de um lado esta o que eu (o meu corpo) deseja e do outro o que a sociedade/cultura quere que eu (o meu corpo) deseje. Antes de desesperar com este choque de desejos[iv], lembro-me destas palavras da Clarrise Pinkola Estés:

“Ser nós mesmos provoca que sejamos exilados por muitos outros.
Embora, cumprir com o que outros querem faça com que fiquemos exilados de nós mesmos ”.

E assim com esta frase a fluir na minha mente criei uma Lista de «Estratégias Para Preguiçar» sem culpa. Uma lista para me ajudar dar espaço, tempo e confiança aos meus desejos, ao meu corpo, a preguiça da minha Capuchinha Feiticeira[v] (que mais não é que a minha necessidade de descanso, de tempo próprio e de descer o ritmo na fase pré-menstrual do nosso Ciclo Menstrual).

Estratégia #1 – Acredito na voz das minhas entranhas (adoro a palavra entranhas)
Tudo o que sinto é real. Real para mim. Para quem se não?! A minha intuição é sagrada, é a bússola que dá sentido ao meu mundo e a mim no mundo.
Estratégia #2 – Dizer o que sinto
Não é necessário argumentar esta estratégia, pois não?! Todas sabemos o quanto é libertador dizer o que se sente, certo?!? Não é fácil mas vale a pena tentar.
Estratégia #3 – Respeitar os meus limites e viver a minha preguiça sem culpa
Amar-nos inclui amar os limites e respeita-los. Não respeita-los pode levar-nos a situações catastróficas, como doenças, depressão, insatisfação. Respeitar os nossos limites e erradicar a culpa face as nossas necessidades físicas, emocionais e psíquicas na fase pré-menstrual é destruir a ideia nociva de que o Ciclo Menstrual faz de nós seres débeis, que uma vez por mês se tornam frágeis e que necessitam que cuidem deles (que a ciência com os seus medicamentos nos trate). Alimentar esta ideia desrespeitando os nossos limites e alimentando sentimentos de culpa é perpetuar a descriminação sobre a nossa fisionomia e as nossas capacidades.
Estratégia#4 – O meu desejo é sagrado
A voz do meu desejo é a voz da vida no meu corpo de mulher.
Estratégia #5 – Celebro a diferença
Somos todos diferentes. Querer homogeneizar é o que nos leva a dolorosas amputações físicas, emocionais e psíquicas para tentar encaixar num molde no qual nunca vamos encaixar. No que diz respeito a Ciclicidade, cada mulher tem a sua própria, temos parâmetros de orientação mas são isso, orientações. Não há nada de errado que o teu Ciclo não tenha 28 dias e que o teu sangue tenha uma cor diferente ao da tua amiga cada uma tem a sua própria linguagem, o seu próprio ritmo.
Estratégia #6 – Ficar no meu quarto próprio e fazer a minha síntese emocional.
Escrevi sobre esta estratégia neste POST

Adoro fazer listas, criar jogos e ferramentas para viver a minha ciclicidade mas gosto mais ainda de poder partilha-la convosco, e vou partilhar mais listas, jogos e ferramentas na próxima Oficina do ‘Ciclo Compreendo o Meu Ciclo, Vivo a minha Lua’, estão convidadas! 

Queres descobrir outras emoções e a sua expressão cíclica? 
Aqui tens os outros post da “Emoções e Ciclicidade”.

  1. As emoções da minha ciclicidade: Calma Menstrual »»Ler
  2. As emoções da minha ciclicidade: O que sentes neste preciso momento? »» Ler 



Ilustração Ann Lee


[i] A bruxa má de todas as histórias.
[ii] De forma sucinta Mindfulness significa prestar atenção a um determinado objecto, com intenção, no momento presente e de uma forma não qualitativa
[iii] Pere Estupinyà no seu livro S=EX2 explica o seguinte: «As hormonas do sistema endócrino são mensageiras com a função de manter o equilíbrio interno, regular das funções básicas e fazer que responda quer do interior quer do exterior. As hormonas e o comportamento andam de mãos dadas. (…) As hormonas são a linguagem interna do corpo. (…) As hormonas e o comportamento estão intimamente relacionados, e por isso vale a pena conhece-los.»
Animas-te? Vamos investigar sobre elas no ‘CicloCompreendo o Meu Ciclo, Vivo a Minha Lua’ 
[iv] Algo simples como a gestão das nossas necessidades, das nossas emoções e sensações é o que pode desencadear mal-estar e até certas patologias. Esta gestão tem uma componente cultural na medida em que se aprende e em menor medida uma componente biológica. Ou seja A cultura ensina-nos ferramentas para fazer esta gestão (férias 1 vez por ano, descanso semanal ao fim-de-semana…) mas serão as adequadas para o nosso corpo cíclico? Ou estarão em equilíbrio com as componentes biológicas? Os estrógenos ajudam-nos a manter uma atitude forte, dinâmica e resolutiva perante as situações de stress mas em oposição os progestógenos nos dispõem para estar mais permeáveis perante qualquer acontecimento. Por isso após a ovulação até a menstruação (especialmente 2 dias antes de menstruar) qualquer detalhe pode afectar-nos, angustiar-nos e doer.
[v] Forma como chamo a mulher que sou na minha fase pré-menstrual, podes conhecer todas as Capuchinhas (no mínimo 4) que habitam em mim (e em ti) no Livro “Por Trás da Capa Vermelha”

Saco de Pano "Era uma vez..." (tote bag)


Para ir as compras e comprar alimentos deliciosos;

Para ir a praia e levar a toalha os óculos de sol e um bom livro;
Para ir a biblioteca estudar e levar os cadernos e canetas 'catitos' que compramos para ajudar a motivar o estudo;
Para guardar os nossos segredos intergalácticos... 
1000 possibilidades, 1000 histórias que cabem dentro do saco de pano  "Era uma vez..."  

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